terça-feira, 27 de abril de 2010

NOVOS TEMPOS PARA A JUVENTUDE


Evangelizar a juventude é como disse João Paulo II, uma das tarefas mais árduas, porém a das mais exaltantes. Consideramos, sobretudo, as novas formas de busca do sagrado que o mundo moderno tem apresentado à juventude em nome de pretensos equilíbrios que prometem ordem ao caos e pressa em que tem vivido as pessoas no cotidiano. O Documento 85 da CNBB que trata da Evangelização da Juventude aponta para manifestações religiosas e místicas (esoterismo, horóscopo, astrologia, nova era etc.) como religião mais individual. Estas práticas dentro do contexto contemporâneo pode facilmente conduzir ao fundamentalismo já que a religião deixou de representar o espaço da relação do crente com Deus para se transformar em veículo de ascensão social ou em promessa de felicidade plena, relata Dr. William César Castilho Pereira, professor da PUC-Minas.
Mas o que isso tem a ver com novos tempos para a juventude?
Este é exatamente o fio condutor para uma evangelização mais efetiva e concreta na vida dos jovens. Entendemos que evangelizar não é apenas uma questão de mística, mas consiste em apresentar projetos de vida ao jovem que como todo ser social tem uma vida marcada e regulada por questões sociais, econômicas, culturais e políticas. Por isso além de uma experiência concreta com a pessoa de Jesus, evangelizamos nestes novos tempos também com uma iniciativa em que o testemunho de vida é fundamental para que o espaço em que vivemos seja espelho de uma fé amadurecida e comprometida com o outro. Isto implica além dos altos ideais de solidariedade humana, participação na vida da Igreja que está no mundo e participação no mundo em que está a Igreja, ou seja, a transformação da sociedade perpassa por uma dinâmica de formação para vida que possibilita maior conscientização do jovem na sociedade. Preocupamo-nos com o mundo, com todos os acontecimentos que interfere diretamente com todos nós e por isso não podemos deixar passar despercebido que quanto mais alto for o nível de escolaridade dos jovens, mais a fé necessitará de uma base sólida e de igual modo intelectual sem anular os mistérios que são próprios da fé, esta que se manifesta em todas e diversas dimensões e processos pelos quais passam os jovens de todos os tempos, inclusive deste em que vivemos.

O cardeal Rouco Varela responsável pela próxima Jornada Mundial da Juventude que acontecerá em 2011 na comunidade de Madrid, ao dialogar com os jovens universitários disse que um bom discurso intelectual para aproximar os jovens da fé deve ser feito da mesma maneira que as universidades empreendem seus esforços, ou seja, um discurso racional em que está presente a amizade, com a qual, segundo ele, é o segredo para que a juventude descubra o verdadeiro sentido da vida.
Ao nos aproximar de Jesus que tinha com seus discípulos uma relação de amizade, podemos falar de Deus aos nossos amigos de maneira sincera e natural, sem interesse de verdades dogmatizadas. Chamamos isto de testemunho de vida que se apresenta já não como prática individualista, mas pelo contrário, como resposta de compromisso com outro.
Não há dúvida que temos inúmeros desafios, mas quem disse que a juventude foi feita para parar diante dos desafios?
Evangelizar é árduo, mas é também exaltante porque nos leva a querer transformar o espaço em que vivemos e a ser ponte para novas travessias em que o mundo está sendo chamado. Não há um futuro esperando pelos jovens, mas um presente a ser vivido. Não olhamos para a juventude como o futuro da Igreja e da humanidade, mas como bem declarou Bento XVI em 2007 quando se encontrou com a juventude do Brasil: “Vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresenta desfigurada”.
Portanto, se estamos com novas possibilidades de evangelizar é certo que novos tempos a juventude experimentará. A missão não muda. O que muda é apenas o tempo. E não o tempo Kairós porque este pertence a um tempo de graça que jamais cessará de cair sobre nós. E é esse tempo que a juventude em missão quer por meio da evangelização concretizar no mundo.

Alexssandro Rodrigues
Estudante de Relações Públicas - UFMA
Coordenador da Equipe de Formação do Ministério Jovem da Arquidiocese de São Luis

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